quarta-feira, 11 de junho de 2008

Igreja de São Martinho de Mancelos




Identificação

Designação: Igreja de São Martinho de Mancelos
Categoria / Tipologia: Arquitectura Religiosa / Igreja

Localização

Divisão Administrativa: Porto / Amarante / Mancelos
Endereço / Local: Lugar do Mosteiro

Protecção

Situação Actual: Classificado
Categoria de Protecção: IIP Imóvel de Interesse Público
Decreto: 24 374, DG 188, de 11-08-1934
ZEP: DR (I Série), n.º 156, de 09-07-1979, portaria n.º 332/79

Descrições

Nota Histórico-Artistica


Integrada na região de Amarante, o que resta do edifício românico de São Martinho de Mancelos revela a dependência estilística do conjunto ao grandioso projecto do vizinho Mosteiro beneditino de Travanca. Ele inscreve-se numa época já relativamente tardia, os meados do século XIII (ALMEIDA, 2001, p.124).
A igreja apresenta planta longitudinal comum à maioria dos monumentos românicos que chegaram até nós, composta por nave e capela-mor rectangular. Contém, todavia, dois outros espaços que não são correntes e que, ao mesmo tempo que monumentalizam o conjunto, ajudam a perceber a importância da empresa românica então realizada. O primeiro é a galilé que, apesar das evidentes transformações em épocas posteriores, deve remontar à construção original, ou eventualmente a uma fase muito próxima, como sugere o perfil apontado do seu portal. O segundo é a torre quadrangular, adossada à frontaria pelo lado Sul e composta por três andares, embora as campanhas posteriores (entre as quais se conta a transformação em torre sineira) não permitam uma mais rigorosa identificação dos pisos originais. Ambos estes espaços antecedem o templo propriamente dito e alargam o conjunto monumental, que adquire, assim, maior relevância e uma mais complexa funcionalidade, associada ao mosteiro aqui estabelecido pelo século XIII.



No interior da galilé, na fachada ocidental da igreja, abre-se o portal, que constitui o elemento românico mais significativo. De quatro arquivoltas, possui tímpano liso e anuncia já as formas góticas pelo perfil apontado da sua curvatura. Xosé Lois GARCÍA, 1997, pp.18-24, que estudou iconograficamente este conjunto, reconhece na decoração dos capitéis uma deliberada intenção de exaltar os elementos naturais, como forma de "reiterar Deus por meio da natureza".. Assim explica a diversidade de elementos vegetalistas, como lírios, palmeiras, videiras, oliveiras, etc. O campo figurativo foi reduzido a uma única composição, localizada nas consolas que suportam o tímpano. Aí vemos duas figuras de feições monstruosas, ao que tudo indica uma feminina e outra masculina, vergadas pelo peso do material pétreo, numa alusão ao pecado (IDEM, p.24).
Como instituição religiosa relevante no meio social da zona de Amarante, a igreja foi procurada por nobres e eclesiásticos para sua última morada, estando a galilé provavelmente relacionada com funções funerárias. No exterior da fachada Sul da igreja, abrindo para o que poderá ter sido o claustro monacal, existe um arcossólio que enquadra um túmulo, em cuja face se esculpiu, entre outros símbolos, um homem armado com lança perante o que parece ser uma cabra e um lobo.



No interior, existem duas portas laterais na nave e o arco triunfal, ladeado por dois retábulos de talha branca, é de perfil apontado apoiado em colunas. A capela-mor, confluente em retábulo contemporâneo dos anteriores, é coberta por tecto de madeira. O elemento mais interessante é a composição escultórica do lintel do portal principal, que integra duas pequenas personagens, "lindas e risonhas figuras diabólicas" que tentarão os homens no mundo quotidiano (IDEM, p.25).
Sem grandes transformações aparentes ao longo da época moderna, à excepção da conversão da torre em sineira e dos elementos de talha suprimidos aquando do restauro, só no século XIX encontramos os primeiros indícios de obras, nomeadamente no coroamento de ameias que anima a fachada principal da igreja. Mais recentemente, entre 1977 e 1968 e 1979 e 1985, a DGEMN procedeu a trabalhos gerais de restauro, onde se inclui a destruição de parte das obras de talha, a substituição de telhados, a reparação do interior da torre sineira, etc.
PAF

Bibliografia

Título: História da Arte em Portugal - O Românico
Local: Lisboa
Data: 2001
Autor (es): ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de

Título: Simbologia do Românico de Amarante, 2ªed.
Local: Amarante
Data: 1997
Autor(es): GARCÍA, Xosé Lois

Título: O mundo românico (séculos XI-XIII), História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa,
Local: Lisboa
Data: 1995
Autor (es): RODRIGUES, Jorge

Título: História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)
Local: Lisboa
Data: 1986
Autor (es): ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de

Título: Portugal roman, vol. II
Local: -
Data: 1986
Autor(es): GRAF, Gerhard N.

Título: Arquitectura Românica de Entre Douro e Minho
Local: Porto
Data: 1978
Autor(es): ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de

URL: http://www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=72887

URL: http://www.turismoreligioso.org/



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